TOMBADOS PELO PATRIMÔNIO HISTÓRICO ESTADUAL

Centro Histórico

Tombado pelo Patrimônio Estadual: Inscrição: Livro do tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico 28-I e Tombo Histórico 180-II Processo: 04/97 Data da Inscrição: 18 de julho de 2022 Localização: Município: Morretes Área central de Morretes Proprietário: Diversos
Inscrição no Livro Tombo I – Conjunto Histórico, Urbanístico e Paisagístico de Morretes Inscrição no Livro Tombo II – Conjunto Histórico,
Urbanístico e Paisagístico de Morretes Inscrição no Livro Tombo I – Conjunto Histórico,
Urbanístico e Paisagístico de Morretes Inscrição no Livro Tombo II – Conjunto Histórico,
Urbanístico e Paisagístico de Morretes

Histórico

Morretes está inserida no contexto histórico do descobrimento das primeiras jazidas de ouro em território brasileiro, encontradas nos rios que deságuam na baía de Paranaguá. Desde a segunda metade do século XVI a região foi frequentada por preadores, faiscadores e comerciantes vindos de São Vicente, atraídos pela notícia da descoberta de ouro. Assim, esse fluxo de pessoas para a região, em 1721, determinou que a Câmara Municipal de Paranaguá medisse e demarcasse 300 braças em quadra, para servir de localização à sede da futura povoação, a qual ocorreu somente em 1733. O processo de fixação e crescimento da população é marcado com a construção da primeira igreja, por volta de 1769, dedicada a Nossa Senhora do Porto e Menino Deus dos Três Morretes. Estrategicamente localizada no sopé da Serra do Mar, é o ponto de partida e chegada do Caminho Colonial do Arraial e o Caminho Colonial do Itupava; importantes vias de comunicação entre o planalto curitibano e o litoral paranaense. Esses caminhos,
originalmente, eram picadas abertas por indígenas, as quais foram utilizadas pelos faiscadores de ouro e, depois, como via de transporte de pessoas e mercadorias. A utilização dessas vias de comunicação terrestre contribuiu para o desenvolvimento social, econômico, político e no processo de transformação urbana ocorrida ao longo dos anos. Quanto aos aspectos arquitetônicos e urbanísticos, a morfologia de Morretes segue os caminhos do suporte natural e da história.

A mancha urbana mais antiga se desenvolveu às margens do Rio Nhundiaquara, reproduzindo a clássica implantação luso-brasileira com um traçado orgânico, largo e praceado, que mescla espaços pedestrializados e eixos viários tradicionais, os quais produzem visuais que permitem uma leitura abrangente entre o construído e o natural, composição harmônica que torna o centro histórico único. A relação entre os espaços públicos e privados também é de grande relevância, pois estabelecem, ao longo do rio, avarandados restaurantes e quintais privados. Os lotes muito estreitos e profundos, dos quais somente a porção frontal é edificada, evidenciam o gabarito das construções que, em sua imensa maioria, são edificações térreas, que não sobressaem à linha do horizonte. A área de tombamento é delimitada pelo polígono marginado pelo Rio Nhundiaquara, desde a ponte ferroviária do Ramal de Antonina, descendo rio abaixo até encontrar o prolongamento da Rua Coronel Modesto. 

Segue por esta até encontrar o Largo Antônio R. dos Santos, seguindo para oeste até a Rua Visconde do Rio Branco, até encontrar a Estrada de Ferro Paraná, englobando dentro de sua área de influência as casas da vila ferroviária, até encontrar a Rua Marcos Malucelli, seguindo pela linha férrea até encontrar os trilhos do Ramal Ferroviário de Antonina, pelo qual retorna ao ponto de partida (Perímetro Tombado); e é, também, estabelecido pelo Perímetro de Entorno, delimitado pelo polígono que inicia na confluência da Rua José Moraes com a Rua Coronel Modesto, seguindo pela Rua José Moraes até os trilhos da Ferrovia Paraná, até o prolongamento da Rua Visconde do Rio Branco, pela qual segue até o Largo Antonio R. dos Santos até encontrar a Rua Coronel Modesto, pela qual retorna ao ponto de partida.

Igreja de São Sebastião do Porto de Cima

Tombado pelo Patrimônio Estadual: Inscrição: 3-II Processo: 222-03/63 Data da Inscrição: 14 de março de 1.963 Localização: Município: MORRETES Distrito de Porto de Cima Proprietário: Particular – Mitra do Arcebispado.

Histórico

A Igreja de São Sebastião ergue-se em frente à praça principal de Porto de Cima, localidade às margens do Rio Nhundiaquara, a seis quilômetros da sede do município de Morretes. A história de Porto de Cima remonta ao início do século XVIII, com a garimpagem de ouro nos aluviões do Nhundiaquara. Na segunda metade do século, Porto de Cima ganhou maior expressão devido ao papel desempenhado pelo rio no transporte entre o litoral e o planalto. Em 1779, a fim de dar atendimento religioso à população local, o tenente-coronel D. Afonso Botelho de Sampaio e Souza e o capitão Antonio Rodrigues de Carvalho projetaram e iniciaram a construção de uma capela sob a invocação de N. Sra. da Guia e de São Sebastião. Na primeira metade do século passado, a região, devido às facilidades de transporte e de força motriz oferecida pelo rio passou a abrigar engenhos hidráulicos de beneficiamento de erva-mate – produto que assumiria grande importância no mercado internacional, devido a problemas de ordem política na região platina. Com o crescimento populacional da localidade fez-se necessário ampliar a capela, recebendo seus zeladores, na década de 1840, autorização para os devidas obras.

 A transferência dos engenhos ervateiros para o planalto e a construção da ferrovia ligando-o ao litoral vão esvaziar economicamente Porto de Cima, iniciando-se sua decadência, afetando, inclusive, a reforma da capela, cujas obras se arrastaram por quase meio século. A igreja de Porto de Cima revela externamente as duas etapas de sua história, pois na ampliação feita no século passado a antiga capela passou a ser a capela-mor da igreja. Como a primeira igreja era aberta para o lado oposto, sua fachada, de principal passou a fundos, fazendo com que a igreja ficasse dotada de dois frontispícios – o antigo e o novo, solução que motivou em 1874 uma solicitação da comissão encarregada das obras, ao presidente da província, no sentido de ser autorizada a demolição do corpo da igreja pela falta de proporção e simetria do  conjunto, obra que não chegou a ser executada.

As duas fachadas são hoje um testemunho da história local. A original correspondendo à fase áurea de Porto de Cima, é mais rica: o partido tradicional, de frontão triangular, é ornamentado por um par de volutas, de desenho típico do século XVIII, sobrepostas ao seu ápice. Pináculos balizam os três pontos do ático e um cordão denticulado borda os lados. O retângulo dessa fachada é emoldurado por cunhais de seção semicircular. A porta de entrada foi provavelmente entaipada, havendo hoje um único vão nessa fachada – uma janela retangular. Lateralmente, foi construída a sacristia, com o comprimento da antiga capela. Seus vãos de janelas, em arco pleno, datam da segunda metade do século passado. A fachada atual, extremamente simples, compõe-se de um retângulo, vazado por uma porta de verga reta e um par de janelas de arco pleno, e coroado por um frontão triangular. Os únicos adornos são os pináculos laterais, de desenho e feitura rudimentares.

Ladeia o frontispício uma pequena torre de vãos em plena volta e zimbório piramidal, que pela desarmonia que apresenta em relação à nova fachada deve ter sido erguida em época mais recente. Internamente, não há elementos artísticos valiosos, tendo sido o edifício vítima de muitas reformas desfigurantes, cujas consequências foram, em parte, atenuadas por trabalhos de restauração realizados após
seu tombamento.

Igreja de São Benedito

Tombado pelo Patrimônio Estadual: Inscrição: 86-II Processo: 85/84 Data da Inscrição:: 13 de julho de 1985 Localização: Município: MORRETES Rua Largo Marechal Floriano Proprietário:: Particular – Mitra Diocesana de Paranaguá

Histórico

Em 1760 foi fundada em Morretes a Irmandade de São Benedito reunindo, conforme rezam seus estatutos, “pretos, escravos e administradores e pessoas livres que por suas devoções quiserem pertencer a ella sem distinção de sexo ou idade, com tanto que proefessem a religião Catholica Romana, tendo por fim destejar annualmente ao Glorioso S. Benedito no dia 25 de Dezembro”. Embora tenha se perdido quase toda a documentação da irmandade, em uma enchente da década de 1960, os livros que sobreviveram permitem levantar sua história a partir do ano de 1860. Entre 1865 e 1895 são construídos a capela e o cemitério, com grande dificuldade por corresponder, na região, a um período de decadência econômica. Compõem-se sua arquitetura do esquema edificado mais simples da tradição religiosa: nave, torresineiras e capela-mor. A construção é de alvenaria mista, pedra e tijolo, com cobertura em duas águas com telhado em beira-e-bica. Internamente o maior interesse esta no altar-mor, com um grupo de imagens de diferentes épocas, sobressaindo-se entre todas a do padroeiro, o “glorioso São Benedito”.

Casa Rocha Pombo

Tombado pelo Patrimônio Estadual: Inscrição: 40-II Processo: 41/73 Data da Inscrição: 19 de julho de 1973 Localização: Município: MORRETES Largo Dr. José Pereira, 43 Proprietário: Prefeitura Municipal de Morretes

Histórico

A casa é uma homenagem a Rocha Pombo, morretense que se tornou uma das maiores expressões paranaenses como historiador, escritor, professor e político. Suas características arquitetônicas são simples, em estilo colonial da época dos jesuítas e foi construída em duas frentes, uma para a cidade e outra para o rio Nhundiaquara. Nela funciona um centro cultural e a Secretaria Municipal de Turismo, além de expor a maquete da Área Especial de Interesse Turístico do Marumbi em escala 1:5000.

Inexistem elementos preciosos a respeito do ano em que a casa de Rocha Pombo foi construída e por quem. Conforme documentação da época, quando o Paraná se preparava para as comemorações do centenário de nascimento de um de seus mais ilustres filhos, o historiador, jornalista, escritor e professor José Francisco da Rocha Pombo, foi criada Comissão Estadual que, entre outras sugestões, propôs que, em Morretes, sua terra natal, fosse erguido um monumento em sua homenagem, além de para lá ser transladada uma biblioteca pública, tornando-se, assim, um monumento a sua memória.

Rocha Pombo ( Morretes, PR, 1857 – Rio de Janeiro, RJ, 1933 ), aos 18 anos de idade, já trabalhava no magistério, lecionando em escola sediada em Anháia. Colaborou na
imprensa de Curitiba e em 1879, através de O Povo, iniciou a propaganda republicana. Em 1881, em Curitiba, onde passara a residir desde o ano anterior, publicou seu primeiro livro, A Honra do Barão. Escreveu poemas, contos e romances e deu partida à sua grande obra histórica, que lhe consumiu anos de pesquisa em arquivos e documentos nacionais, pois sua pobreza o impedia de viajar ao exterior. Durante o Império e na República, exerceu, no Paraná, mandatos de deputado.

Em 1892, na capital do Estado, num descampado que ficava a meio caminho da Água Verde (atual Praça Ouvidor Pardinho), colocou a pedra fundamental do prédio que, pretendia, seria a primeira universidade do Paraná, a qual, sem amparo, tanto do governo do Estado quanto da União, só em 1912 viria a ser efetivada. Em Curitiba, ao lado de Júlio Perneta, Euclides Bandeira, Silveira Netto, Ricardo de Lemos e Dario Veloso (o grupo inicial), fez poesia simbolista, influenciado pelas obras que João Itiberê da Cunha trouxera da Europa. Em 1897 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde se dedicou ao jornalismo e ao magistério, na então Escola Normal do Distrito Federal (atual Instituto de Educação do Rio de Janeiro). Autor, entre outras, de História de Brasil, em 10 volumes (1915 a 1917), Compêndio de História da América (1900 a 1925) ,História da América (1903), Paraná-Santa Catarina (1905), Nossa Pátria (1917, que teve mais de 80 edições), História de São Paulo (1919), História do Paraná (1929), História do Rio Grande do Norte (1922), História Universal (1928). Membro da Academia Paranaense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, eleito para a Academia Brasileira de Letras, não chegou a empossar-se por haver falecido.

Essa casa é uma moradia simples, de um pavimento, construída em alvenaria mista (pedra e tijolos) em meio a área ajardinada cercada por muro com gradil de ferro,
com duas frentes, uma para o largo e outra para o Rio Nhundiaquara. Aberturas encimadas por vergas em arco de semicírculo, bandeiras fixas, janelas sistema de
Guilhotina, divididas em quadrículos. Cobertura em telhado de quatro águas, telha capa-e-canal, arrematada por beiral em cimalha. Restaurada pelo governo do Paraná e pela prefeitura de Morretes, e a casa foi adaptada para os serviços de biblioteca municipal local.

Residência em Alvenaria - Porto de Cima

Tombado pelo Patrimônio Estadual: Inscrição: 103-II Processo: 07/90 Data da Inscrição: 30 de julho de 1990 Localização: Município: MORRETES Rua marumbi com Rua Estrada da Graciosa – distrito de Porto de Cima Proprietário: Particular – João Batista Quinzani Hoje funciona o Restaurante e Pousada Dona Siroba

Histórico

É uma casa de uso misto, em que oespaço da esquina é aproveitado para o comércio, com aberturas de portas para as duas ruas. O sótão habitável e o contorno curvo de concordância com o térreo denunciam influência da imigração portuguesa. A técnicas empregada é alvenaria de tijolos com cobertura em telhas cerâmicas. O vãos de portas e janelas, fechados por esquadrias de madeira arrematadas por bandeiras envidraçadas, são encimados por arcos abatidos.

Serra do Mar

Tombado pelo Patrimônio Estadual: Inscrição: Tombo 17-I Processo: 001/86 Data da Inscrição: 13 de agosto de 1986 Localização: Municípios da Porção Oriental do Paraná (Litoral: Antonina, Guaraqueçaba, Guaratuba, Matinhos, Morretes e Paranaguá – Região Metropolitana de Curitiba: Campina Grande do Sul, Piraquara, Quatro Barras, São José dos Pinhais e Tijucas do Sul). Normativas de uso da Serra do Mar.

Histórico

Parte integrante do maciço atlântico, sistema montanhoso que se estende ao longo da costa brasileira, do Espírito Santo ao Sul de Santa Catarina, a Serra do Mar abriga em território paranaense as maiores elevações do Centro-Sul brasileiro, como o Pico do Paraná com 1.992m de altura. Configurando um arco com a concavidade voltada para o Leste, possui diversas denominações, de caráter regional: Serra Negra, Capivara Grande, Verde, da Graciosa, de São João, da Mãe Catira, de Prata e outras. A grande Cordilheira da Marinha – como tradicionalmente a denominavam os cronistas ao descrever o estado, foi historicamente o grande obstáculo entre o litoral e o planalto

Para vencer a serra três caminhos foram utilizados: o do Arraial, com oito léguas, usado pelos moradores da Lapa; o do Itupava, com 12 léguas, e o da Graciosa, com 14 léguas, todos originários de antigas trilhas indígenas. Mais extenso, porém menos íngreme, o caminho da Graciosa, tornado carroçável em 1873, constituiu-se na única estrada rodoviária ligando a “Marinha e a Serra-acima” até 1967, quando uma nova rodovia foi inaugurada, passando a da Graciosa à condição de via turística.

A ferrovia, inaugurada em 1885, historicamente mais significativa pelo papel que teve no desenvolvimento econômico do estado, do final do século XIX até a metade do século XX, é até hoje obra de engenharia notável pelo desafio que significou a transposição da serra. Desde o século passado a preservação da flora e da fauna dessa região foi assunto abordado pela imprensa e discutido por setores da administração pública do estado. Uma primeira tentativa governamental foi feita em 1978, com a criação do Parque do Marumbi, com 70 mil hectares, que, porém não chegou a ser efetivada, caducando por decurso de tempo.

A área, tombada em 1986, de 386 mil hectares, compreende unidades ambientais diferenciadas pela conformação e pela característica da vegetação, distinguindo-se a serra propriamente dita, os vales intermediários, o planalto e a planície costeira. Abrangendo 80% da cobertura vegetal do estado, reduzida hoje a 5% do que possuía no início da colonização, a mata da Serra do Mar foi muito explorada, principalmente a sua vertente ocidental.

Após a abertura da ferrovia, em função do desenvolvimento industrial, deu-se uma procura de madeiras abundantes na serra, como canela, pau-d ́arco e outros. Atualmente, apesar das derrubadas e da ausência de efetivas medidas de reflorestamento, ainda se encontram espécies como a canela, a caxeta, o guarapuruvu, a licurana, o angelim e outras. A fauna também foi muito reduzida, tendo sido muitas espécies extintas, estando outras em extinção, como o papagaio chauá (amazonas brasiliense), que só é encontrado entre o Sul do estado de São Paulo e o litoral paranaense. A fauna ainda presente corresponde a animais de pequeno porte como mico, quati, esquilo, ouriço, preá, preguiça, tatu, e aves como papagaio, joão-de-barro, sabiá e pica-pau.

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